sensível e crítica
EXPERIMENTAÇÃO:
O desafio agora é voltar no tempo e buscar compreender, de maneira sensível e crítica, os impactos do processo de redemocratização brasileira, que teve início no final da década de 1970, com a promulgação da Lei da Anistia, e se intensificou nos anos 1980.
sensível e crítica
Se você viveu esse período, mesmo que parcialmente, tente relembrar como eram as conversas familiares, o ambiente político, o noticiário, as dificuldades econômicas e os sentimentos coletivos vivenciados.
Agora, se você não viveu essa época, seu desafio é conversar com seus familiares: pais, avós, tios, vizinhos ou pessoas da sua
comunidade que atravessaram esse momento da história. Pergunte a eles:
Como eles viam a ditadura militar e a transição para a democracia?
Havia esperança? Medo? Incertezas?
O que lembram sobre a economia da época? Hiperinflação? Crises? Perda do poder de compra?
O que mudou na vida cotidiana com a redemocratização?
Anote essas informações, reflita sobre elas e conecte-as com o que você tem estudado na disciplina. A experiência vivida e a
memória coletiva também são fontes legítimas de conhecimento. Use essas vozes para enriquecer sua análise crítica e construir uma ponte entre o passado e o presente.
sensível e crítica
REFLEXÃO: Vamos refletir?
O processo de redemocratização brasileira poderia ter ocorrido de forma mais justa do ponto de vista histórico, social e econômico?
Certamente que sim, o processo de redemocratização brasileira poderia — e deveria — ter ocorrido de forma mais justa,
especialmente no que diz respeito à responsabilização histórica, à reparação social e à inclusão econômica. Embora tenha representado um avanço fundamental para a consolidação das instituições democráticas, a transição da ditadura militar (1964–1985) para o regime democrático foi marcada por acordos conciliatórios, silenciosos e, em grande parte, impostos pelos próprios setores que sustentavam o regime autoritário.
Do ponto de vista histórico, a manutenção da Lei da Anistia nos moldes em que foi aprovada — anistiando não apenas os
perseguidos políticos, mas também os agentes do Estado responsáveis por torturas, assassinatos e violações de direitos humanos — impediu o Brasil de promover uma justiça de transição plena. Diferente de países como Argentina e Chile, o Brasil optou por não julgar seus violadores, o que resultou em impunidade e na perpetuação de práticas autoritárias no aparelho estatal.
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Sob o aspecto social, a transição negligenciou a construção de políticas públicas voltadas para a inclusão daqueles que foram
marginalizados ou perseguidos pelo regime. O retorno à democracia não foi acompanhado, por exemplo, de um esforço estruturado de reparação coletiva às famílias dos desaparecidos, nem de reconhecimento efetivo das lutas populares reprimidas. Houve uma ampliação formal de direitos, principalmente com a Constituição de 1988, mas a concretização dessas garantias foi lenta, desigual e marcada por entraves institucionais.
Na esfera econômica, a redemocratização herdou um país em grave crise: hiperinflação, dívida externa insustentável,
desigualdade social extrema e baixa confiança internacional. A elite econômica, que em grande parte apoiou o regime militar, manteve seus privilégios e influências no novo modelo democrático. A democratização, portanto, não veio acompanhada de uma democratização econômica: não houve reforma tributária progressiva, não houve distribuição efetiva de renda, e o acesso a oportunidades continuou profundamente desigual.
Assim, embora a redemocratização tenha sido essencial e desejável, ela deixou de enfrentar questões estruturais importantes.
Faltou verdade, justiça e equidade social e econômica. O modelo conciliador adotado preferiu a estabilidade política imediata ao enfrentamento profundo dos legados da ditadura — o que cobra seu preço até hoje, seja na fragilidade das instituições democráticas, seja na persistente desigualdade brasileira.
CONCEITUALIZAÇÃO:
A Lei nº 6.683, de 28 de agosto de 1979, conhecida como Lei da Anistia, foi sancionada pelo então presidente João Figueiredo
durante o regime militar no Brasil. Essa lei concedeu anistia, ou seja, perdão, a todos aqueles que cometeram crimes políticos ou conexos entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, abrindo caminho para a redemocratização do país.
AÇÃO:
Transformar a democracia em motor do desenvolvimento econômico sustentável exige ação concreta: garantir instituições transparentes, participação cidadã efetiva e políticas públicas voltadas à inclusão social e à justiça econômica. Isso significa
investir em educação de qualidade, combater a corrupção, assegurar liberdade de imprensa e fortalecer o sistema judiciário, criando um ambiente de confiança para investidores e para a população em geral.
Além disso, é preciso que as decisões econômicas sejam construídas de forma participativa, levando em conta as necessidades reais da sociedade. Quando a democracia é viva e plural, o crescimento deixa de beneficiar apenas uma minoria e passa a promover bem-estar coletivo, reduzindo desigualdades e garantindo sustentabilidade a longo prazo.
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