Lei atentamente o texto a seguir:
Depois de muitos esforços de pesquisadores e organizações do movimento negro para recontar a narrativa em torno do 13 de maio, combatendo a falsa ideia de uma abolição motivada pela benevolência da princesa caridosa, aos poucos foram ganhando espaço as evidências do protagonismo dos próprios escravizados em seu processo de libertação.
A cada nova descoberta sobre as revoltas negras e lutas abolicionistas cresce também fatos concretos da violência colonial da escravidão. Enquanto não desenterramos à força essas histórias, estaremos fadados a manter suas estruturas em permanentes
violações de direitos e desigualdades raciais.
A recente localização de um antigo cemitério de africanos, no Centro de Salvador, onde repousam (ou deveriam repousar) os corpos de milhares de africanos escravizados, insurgentes e descendentes, é um importante achado arqueológico que faz ecoar um grito silenciado por séculos em meio ao concreto de um estacionamento.
Assim como o Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, cuja redescoberta revelou o principal porto de entrada de africanos escravizados nas Américas, o Cemitério da Pupileira, próximo ao Campo da Pólvora, se impõe como marco incontornável da barbárie que sustentou a construção do Brasil.