MAPA – COMEX – RELAÇÕES INTERNACIONAIS – 52_2025
CONTEXTUALIZAÇÃO E CONCEITUALIZAÇÃO:
Texto 1
Desafios da internacionalização
A internacionalização exige que a empresa reflita sobre alguns pontos estratégicos, por exemplo:
– Seleção de mercado-alvo: a escolha do país para iniciar ou prosseguir no processo de internacionalização passa pela avaliação dos potenciais ganhos e riscos associados. É importante ter dados atualizados para tomar uma decisão.
– Estrutura organizacional internacional: a implantação de estruturas no exterior e a gestão da relação entre matriz e subsidiárias exigem desenvolvimento de níveis de
autonomia adequados para reagir, adaptar e inovar em novos ambientes.
– Governança corporativa: atuar em ambientes de negócios mais competitivos demanda práticas de gestão transparentes para assegurar bom relacionamento com investidores, fornecedores e outros stakeholders.
– Gestão internacional de recursos humanos: o desafio envolve designações internacionais de executivos e desenvolvimento de gestores internacionais, assim como gestão de equipes multiculturais e em diferentes fusos horários.
– Gestão de riscos: necessidade de identificação, avaliação, monitoramento e resposta aos riscos inerentes a uma operação internacional e específicos ao negócio da empresa.
– Inovação constante: a inovação é uma exigência para competir no mercado global e está atrelada à adoção contínua de novas práticas, produtos e serviços.
Fonte: https://www.apexbrasil.com.br/desafios-da-internacionalizacao. Acesso em: 20 mar. 2025
EXPERIMENTAÇÃO:
Texto 2
Habib´s
O processo de internacionalização do Habib´s, assim como O Boticário, foi por investimento direto estrangeiro na forma de greenfield, com objetivos de se tornar um dos players
do fast food do mundo. O Habib’s inaugurou no ano de 2000 a primeira unidade na Cidade do México. Na época, tinha 650 m² de área, considerada a maior da rede (MORAIS, 2002; ISTO É, 2013). A teoria que mais se enquadra no caso é a do Poder de Mercado de Hymer (1960), principalmente pela vantagem de ownership, que, inclusive, previa a implantação de fábricas de fornecimento para os restaurantes, já que a previsão era a expansão para 150 lojas no México.
Além destes, a Visão Baseada em Recursos de Barney (1991), também é aplicado ao caso, uma vez que o processo produtivo interno é uma das vantagens competitivas da
organização e poderia ser levada para outros países. A Cidade do México foi escolhida por ter características similares às de São Paulo, tais como: trata-se de uma das maiores metrópoles do mundo, as pessoas trabalham cada vez mais, além da proximidade das línguas portuguesa e espanhola (MORAIS, 2002). Em 2001, a rede estava pronta para expandir para o mercado norte-americano, que, devido aos atentados em 11 de setembro, não seria adequado lançar as unidades do Habib´s naquele país, devido à aparência e utilização da cultura árabe no visual e cardápio da empresa (Morais, 2002).
Apesar do grande sucesso do empreendimento no mercado brasileiro, o caso da internacionalização do Habib´s no México não logrou êxito e acabou sendo encerrado. No ano 2000, abriu seis pontos por meio de franchising, cujo planejamento estabelecia a implantação de 150 em 5 anos.
Os problemas encontrados pela rede foram os relacionados à adaptabilidade local, assim como em O Boticário, por exemplo, o grande carro chefe do Habib´s, a esfiha, de grande sucesso no Brasil, não era conhecida pelos mexicanos e que, diante disso, tentaram modificar a estrutura de marketing definindo a esfiha como um taco mexicano, o que
não deu certo e começaram a ter problemas com os franqueados nas definições de suas estratégias (EXAME, 2007). De acordo com Isto é (2013), a esfiha é o produto de entrada para os clientes, pois os clientes são atraídos pela qualidade e baixo valor deste produto e acabam consumindo outros produtos da rede. Devido o principal produto da rede não ter tido sucesso entre os mexicanos, apesar do baixo preço em relação ao taco, por exemplo, em 2005, as unidades foram fechadas. Neste caso, a rede havia atendido
muito bem o mercado interno e teve como estratégia atuar em outro país para expandir suas vendas. Segundo Mariotto (2007), trata-se de uma estratégia de economias de
escopo e escala, que no caso da empresa, se daria com a instalação da central de produção de alimentos naquele país. Contudo, a não observação das diferenças culturais entre os países, especialmente em relação à cultura alimentar, tanto no fornecimento dos produtos, como nos serviços, como mostra Azevedo (2008), levou a introduzir no mercado mexicano um produto que acabou por não cair no gosto do público-alvo.
Fonte: THIAGO, F.; KUBO, E. K. de M.; CASTRO, D. G. Casos de Insucesso em Internacionalização de Empresas Brasileiras. Caderno de Relações Internacionais, v. 11, n. 21, jul-dez. 2020.
REFLEXÃO E AÇÃO:
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
No nosso livro didático, foram apresentados os principais riscos em negócios internacionais, e eles estão divididos nas seguintes áreas: Risco Comercial; Risco Monetário; Risco-país e Risco Intercultural. Levando essas informações em conta, responda as seguintes questões:
Qual a forma de internacionalização escolhida pela empresa brasileira Habib´s ?
Quais aspectos culturais aproximam o mercado mexicano ao mercado brasileiro, segundo o texto 2?
Por que a investida do Habib´s no México não alcançou o sucesso esperado?
Qual a importância de as empresas que desejam se internacionalizar conheçam o país que será seu mercado-alvo e, além de conhecerem as regras formais, conheçam também as regras mais relacionadas aos hábitos, costumes, e às questões culturais e o que pode acontecer caso as empresas ignorem as diferenças culturais?
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