TEA e TDAH apresentam interações psicomotoras e de integração sensorial

TEA e TDAH apresentam interações psicomotoras e de integração sensorial

​Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são condições do neurodesenvolvimento que compartilham diversas características, especialmente nos aspectos relacionados à psicomotricidade e à integração sensorial. Ambos os transtornos podem apresentar alterações no processamento das informações sensoriais, o que afeta diretamente o comportamento,

a atenção, a coordenação motora e a capacidade de adaptação ao ambiente. No caso do TEA, é comum observar hipersensibilidades ou hipossensibilidades aos estímulos sensoriais (como sons, luzes, texturas e movimentos), o que pode gerar comportamentos de fuga ou busca por estímulos específicos. Já em indivíduos com TDAH, os sistemas sensoriais também podem estar comprometidos, dificultando a regulação emocional e a organização do comportamento. Além disso, a impulsividade e a inquietação típicas do TDAH podem ser agravadas quando há sobrecarga sensorial. A psicomotricidade, que integra as funções

motoras e cognitivas, também sofre impacto importante nesses transtornos. Crianças e adolescentes com TEA e TDAH podem apresentar dificuldades de coordenação, planejamento motor, controle postural e ritmo, exigindo intervenções específicas e personalizadas. A Terapia Ocupacional tem papel essencial na identificação dessas alterações e na proposição de estratégias que favoreçam a funcionalidade, a autonomia e a qualidade de vida desses indivíduos (BARROS; GALVÃO, 2020).

BARROS, T. R.; GALVÃO, L. M. Transtornos do neurodesenvolvimento e intervenção psicomotora: contribuições da Terapia Ocupacional. Revista Brasileira de Terapia Ocupacional, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 45-54, 2020.

 

A Terapia Ocupacional teve início no começo do século XX, nos Estados Unidos, como uma abordagem voltada à reabilitação de pessoas com transtornos mentais e deficiências físicas. O trabalho do terapeuta ocupacional foi fortemente influenciado por movimentos humanistas que defendiam o uso da ocupação como estratégia terapêutica. A prática ganhou força especialmente durante e após a Primeira Guerra

Mundial, quando passou a ser integrada aos serviços de reabilitação de soldados feridos. A profissão foi formalizada em 1917, com a fundação da National Society for the Promotion of Occupational Therapy, atualmente conhecida como American Occupational Therapy Association (AOTA). Desde então, a Terapia Ocupacional ampliou seu campo de atuação, voltando-se à promoção da autonomia e da participação social de indivíduos em diversas áreas da vida (KIELHOFNER, 2008).

KIELHOFNER, Gary. Model of human occupation: theory and application. 4. ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins, 2008.

O TEA e o TDAH afetam o desenvolvimento psicomotor e a forma como os estímulos sensoriais são processados, gerando desafios na vida diária e escolar. A Terapia Ocupacional, com base em sua história e evolução teórica, oferece recursos importantes para compreender e atender essas necessidades. Com esse olhar, o terapeuta ocupacional atua na avaliação, intervenção e adaptação de ambientes para promover inclusão e qualidade de vida.

Com base nos conteúdos estudados, reflita e responda às questões a seguir.

​01) De que forma os fundamentos históricos da Terapia Ocupacional favorecem a compreensão das necessidades psicomotoras e sensoriais de indivíduos com TEA e TDAH?
02) Qual é o papel do terapeuta ocupacional na avaliação e intervenção das disfunções sensoriais e psicomotoras em pessoas com TEA e TDAH, considerando os avanços teóricos e históricos da profissão?
03) De que forma o terapeuta ocupacional pode adaptar o ambiente escolar para apoiar o desenvolvimento psicomotor e sensorial de alunos com TEA e TDAH?